sábado, 24 de abril de 2010

DEFENSIVIDADE SENSORIAL e DORMÊNCIA SENSORIAL – UMA QUESTÃO DE MODULAÇÃO
Como recebemos constantemente informações sobre o mundo através dos sentidos, eles precisam desenvolver a capacidade de filtrar o que é mais importante para o momento e para as atividades que estão acontecendo. Assim, na escola existe uma infinidade de informação sensorial chegando concomitantemente. É preciso que o sistema nervoso central da criança tenha a habilidade de filtrar o que não é necessário para o momento e ignorar. Assim por exemplo, enquanto escrevo, meu vizinho se mexe, sinto o cheiro do shampoo que ele usou de manhã, escuto a voz da professora, sou tocada de leve por alguém que vai apontar o lápis . Ao mesmo tempo tenho de manter minha postura para conseguir escrever , preciso avaliar a força que devo fazer para segurar o lápis e preciso evitar derrubar tudo que está sobre a carteira. Todas essas informações são secundárias ao momento mas estão presentes. Quando se tem um sistema sensorial bem integrado, ele é capaz de colocar em primeiro plano apenas as informações que preciso para aquela atividade fazendo com que o resto seja colocado em segundo plano ou seja executado automaticamente. Se houver um fator novo que afete uma dessas informações que são secundárias , minha atenção se volta para esse fator ; caso contrário, continuam em segundo plano. Isso é o que nos permite manter o estado de alerta necessário para aprender.Para a criança que tem um distúrbio na modulação sensorial esses filtros são deficitários e muitos dos automatismos não se formam. Ela é levada a responder a toda informação sensorial que chega sem conseguir que se formem automatismos necessários por exemplo para manutenção da postura ou para saber intuitivamente quanta força usar para manusear objetos. Essa criança dificilmente está no estado de alerta ideal para aprender. Quando consegue atingir esse estado, isso exige um esforço muito grande e requer um auto-controle fora do comum. Muitas vezes ela passa a manhã na escola tentando manter esse estado de alerta; quando chega em casa, desmorona, briga com todo mundo, parece uma criança diferente.
Alguns sintomas de defensividade sensorial são:
• Responder a todos os sons ambientais, mesmo aqueles que ninguém mais parece perceber;• Cobrir os ouvidos quando ouve sons que a desagradam;• Assustar com frequência excessiva;• Comentar ou ser incomodada por cheiros que ninguém mais parece perceber;• Ser incomodada por luz ou claridade excessiva• Ficar fascinada por perfumes ou cheiros que a agradam• Evita tocar certas texturas ou se recusa a vestir certas roupas
Os sentidos estão muito ”acesos”, sempre presentes; parece não haver filtro e tudo chega com a mesma intensidade. Evidentemente é difícil para essa criança ficar quieta e trabalhar como os demais. Por exemplo, se o colega lá atrás derruba um lápis, ela precisa olhar. Se alguém trouxe um lanche com banana, ela precisa comentar. Tem necessidade de tocar a roupinha do colega para saber que textura tem. Acaba dando uma impressão de hiperatividade e tem terrível dificuldade em se concentrar. Um outro aspecto que se encontra às vezes é uma dormência sensorial. A criança responde a menos à informação trazida pelos sentidos. É o exato oposto do caso anterior: Características dessa criança são:
• Às vezes tem dificuldade em saber quando está saciada; tende a comer mais que o esperado para a idade;• Gosta de todos os tipos de comida• Ignora sons ambientais incomodativos• Não reage quando se fala com ela, muitas vezes havendo suspeita de deficiência auditiva• Não reage a cheiros desagradáveis, tais como as próprias fezes• Toca tudo que encontra; anda passando a mão pela parede• Aperta as outras crianças, animais, gosta de morder ou ser mordida• Consciência de dor diminuida; por exemplo, desde pequena não chora ao cair ou ao tomar uma injeção• Demora muito a conseguir um controle esfincteriano adequado
Tanto os sintomas descritos para dormência sensorial como para defensividade sensorial não são uma lista completa – são apenas exemplos. Ambos os problemas são uma questão de modulação. Integração sensorial não é uma questão de ter ou não ter. É um contínuo em que o ideal é estar na linha média – nem muito à direita nem muito à esquerda.



Dormência sensorial______Boa Integração Sensorial______ defensividade sensorial



Esses problemas podem ser bastante diminuidos com a ajuda de uma terapia com uma abordagem de integração sensorial




PLANEJAMENTO MOTOR



PLANEJAMENTO MOTOR

Planejamento motor ou praxia é a habilidade de planejar e executar de uma forma organizada, uma sequência de movimentos ou ações não familiares. Planejamento motor é o produto final de um processamento sensorial bem feito, já que a criança aprende a partir de informações que lhe chegam através dos sentidos. A dificuldade em planejamento motor é muitas vezes descrita na literatura como dispraxia.A dificuldade em processamento sensorial pode atingir dois aspectos do planejamento motor: a parte de planejamento (ideação) ou a parte de execução. Quando a parte de ideação é atingida, vê-se uma criança que, apesar de inteligência normal, não consegue brincar de forma organizada, passa de uma atividade para outra. Essa criança tem muita dificuldade em pensar no que fazer com os objetos porisso prefere aqueles que têm um papel claro para ela. Tende a escolher brinquedos como bola, Legos, brinquedos de movimento, quebra-cabeças, etc.Outra área que pode ser atingida é a área de execução; nesse caso, vemos uma criança que tem mais dificuldade com o movimento em si. É uma criança desajeitada, que não consegue aprender a participar de atividades motoras como seus companheiros. Cai mais que os outros, bate-se contra os objetos, tem dificuldade em pegar uma bola ou participar de um jogo que faça exigências motoras mais sérias. É a famosa criança que nunca é escolhida para jogos ou só é escolhida por imposição de adultos. Muitas vezes essa criança é líder em planejar as atividades mas, na hora da execução, seu desempenho é muito pobre. Pode ocorrer ainda que a dificuldade ocorra nas duas partes do planejamento motor: ideação e execução. Essa é uma criança que às vezes chega a dar a impressão de deficiência mental e cujos pais frequentemente ficam confusos porque, embora a criança dê alguns sinais claros de que é inteligente, sua inabilidade em participar de brincadeiras, de se organizar e organizar seu espaço é tão pobre que não conseguem entender o que está acontecendo. Seja qual for o caso, à medida em que o processamento sensorial se torna mais organizado e se consegue uma melhor integração sensorial percebe-se progresso no planejamento motor. Muitas vezes o primeiro sinal desse progresso é uma ligeira melhora na auto-estima e mais vontade de tentar fazer coisas que não se animava a fazer anteriormente. Embora frustrante, é importante entender essa criança. Usar adjetivos para qualificá-la muitas vezes contribui ainda mais para torná-la infeliz e sentir-se incompetente. Sendo uma criança de inteligência normal ela já será seu juiz mais severo e provavelmente se considerará incapaz. É fundamental ajudá-la a entender seu próprio problema e desenvolver estratégias para conviver com ele até que o problema diminua e ela se sinta mais segura. Os esforços em entender integração sensorial por parte da família, escola e outros que convivem com a criança já são meio caminho andado para a solução do problema.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

DIÁLOGO TÔNICO





"A íntima dependência recíproca existente entre as contrações e a sensibilidade tônica constitui a razão inicial do papel que a atividade postural representará, particularmente por intermédio das emoções na evolução psíquica. No momento em que se produz, a contração enseja a sensação e dela recebe um novo estímulo. Entre as duas inexiste intervalo, como a excitação periférica e o reflexo. Eles se desenvolvem ao mesmo tempo, e se especificam uns aos outros." (Wallon, 1971)
Apesar do nome ainda um pouco desconhecido, podemos encontrar a expressão em vários livros de Psiquiatria como o do Dr. Ajuriaguerra em o "Manual de Psiquiatria Infantil".
O diálogo tônico é construído entre dois seres humanos. Não há um método nem uma forma específica de sua existência. Não há um tempo certo para que aconteça. É a relação entre as duas pessoas, e o prazer corporal existente entre ambas, que vai se fundar a sua existência. Pode ser elaborado de forma positiva ou negativa, dependendo de como se iniciou.
A mãe e o bebê, desde o momento da concepção, já podem começar a construir o diálogo tônico, através da fala da mãe e carícias da mesma, com a sua barriga. As sensações intrauterinas, que o bebê vai possuir desta relação, são de fundamental importância para o seu desenvolvimento após o parto.
Os professores, principalmente os de educação infantil, também necessitam "apreender", como é que se estabelece o diálogo tônico com seus alunos. Como passam muito tempo com suas crianças, sendo responsáveis pelos estímulos necessários para o seu desenvolvimento global dentro da instituição, vão propiciar um diálogo prazeiroso ou "não". Não somente de linguagem verbal, se comunica a criança. Até mesmo porque a primeira linguagem aprendida pelo homem, é a corporal. Para tanto, o toque, o olhar, as expressões faciais e corporais, ditarão a maneira como a criança terá seu vínculo com o outro.
Se o movimento não é realizado por si só, mas simultaneamente com o auxílio da emoção, teremos expressões corporais "tensas" em bloco, ou tranquilas, relaxadas, harmoniozas, com pouco gasto energético no corpo.


terça-feira, 13 de abril de 2010

BEBÊS PREMATUROS DISTINGUEM OBJETOS PELO TATO


Reportagem da revista Mente Cérebro do mês de abril/2010



Recém-nascidos não enxergam nem ouvem muito bem, mas sua sensibilidade tátil é surpreendente. Antes mesmo do nascimento a capacidade manual para discriminar objetos já está bem desenvolvida, como verificaram pesquisadores da Universidade de Grenoble, na França, ao estudar prematuros nascidos após 33 semanas de gestação. O artigo publicado na revista PLoS One é o primeiro a mostrar que esses bebês, tal como os que nascem no tempo previsto, apresentam um aparato neural maduro para essa habilidade, preferem a novidade e, portanto, já estão aprendendo.

Foram analisados 24 prematuros que pesavam, em média, 1,5kg. Como a maioria deles precisa de cuidados médicos especiais na primeira semana de vida, os testes foram realizados 15 dias após o parto. O experimento se baseou no conceito da habituação, no qual os bebês, uma vez expostos a diferentes estímulos sensoriais, exibem maior interesse pela sensação nova e respondem cada vez menos àquilo que já foi apresentado.

Os pesquisadores colocaram na mão dos bebês um prisma e um cilindro, de forma alternada e repetida. Se fossem mesmo capazes de discriminar os dois objetos, os pequenos os segurariam por mais tempo quando fossem apresentados pela primeira vez. manipulando-os menos tempo na segunda vez, e assim sucessivamente. Quando o estímulo fosse trocado (o prisma pelo cilindro, e vice-versa), eles demorariam mais tempo para soltar o objeto. Foi exatamente o que aconteceu, sem haver diferença entre os testes que usaram a mão direita ou a esquerda.

Os resultados são surpreendentes também porque a coordenação motora dos bebês nessa idade é bastante limitada, o que mostra a maturidade dos receptores táteis e das vias neurais responsáveis pelo processamento desse tipo de estímulo. É bem possível que essa habilidade esteja bem desenvolvida também em outras partes da superfície corporal, o que explicaria a importância do contato físico - sobretudo com a mãe - nessa fase inicial da vida, segundo os autores. Para eles, essas evidências devem ajudar profissionais de neonatologia a otimizar a manupulação dos bebês prematuros para reduzir o estresse do ambiente hospitalar.

O poder do toque: recém-nascidos têm sensibilidade tátil supreendente; fato explica por que o contato físico, sobretudo com a mãe, é fundamental nesssa fase.

domingo, 4 de abril de 2010

LATERALIDADE X DOMINÂNCIA LATERAL






Exite uma diferença entre a nomenclatura de Lateralidade e Dominância Lateral. Muitos livros ainda contém erros, mencionando que noção de lateralidade é ter um dos lados corporais dominante. É bem verdade que todos nós nascemos com uma programação cerebral, porém com uma imensa capacidade sináptica nas funções dos neurônios. Também é verdade que possuímos um hemicorpo (como se fôssemos divididos ao meio, verticalmente), e que temos um dos lados predominantes...mas isso se chama Dominância Lateral.Um dos lados é o motor que domina em todas as atividades motoras de mão, pé e olho, e o outro sensorial. Isso se deve ao fato de termos em um dos hemisférios cerebrais, 90% da capacidade motora e 10% sensorial, e no outro hemisférios acontece o inverso, 90% da capacidade é sensorial e 10% motora. Por isso quando temos um membro seccionado, podemos utilizar no aspecto motor, o outro, quando treinado. Mas veja bem, a palavra treinado está em negrito, isso porque, quando possuímos os dois membros e com função normal, sem patologias, o cérebro entende que ele deverá ser usado em sua totalidade de capacidade.
A ambidestria é uma doença, pois se é científico que temos um lado dominante devido a dominância de um hemisférios, se forçarmos o outro lado, podemos desorganizar a função cerebral, e o corpo reagir negativamente. Nosso corpo pede equilíbrio, e quando nos desorganizamos, ele atua com compensação, e reage em outra função (podemos perceber com quem tem problemas de coluna por má postura, nada mais é do que uma reação do corpo para manter o equilibrio postural).
Com relação a dominância lateral ainda, chamamos de Dominância Cruzada, quando temos na parte superior a dominância de um lado e na parte inferior (pés) do outro (mão direita e pé esquerdo). Isso não é adequado, e geralmente é comum em crianças portadoras de disfunções psicomotoras.Existe também a Dominância Lateral Indefinida, ou seja, a pessoa usa um lado para atividades espontâneas e o outro para o grafismo, por exemplo. O lado motor, tem que ser bem utilizado para qualquer tipo de atividade. Os cansaços são muito comuns (são chamados por alguns professores de preguiças), porém devemos ter um olhar preciso, pois pode ser um sinal de alteração funcional de tônus, ou seja, teoricamente seria um cansaço motor, por algum problema de ordem funcional na tonicidade da criança (geralmente na hipotonicidade - relaxamento excessivo da tonicidade).
A nomenclatura Lateralidade, vem da noção dos lados direito e esquerdo, e é conseguida pela criança até mais ou menos seis anos. Após esta idade, podemos considerar como um distúrbio. Lembramos que esta noção deve ser avaliada em si mesmo, no outro (com a pessoa virada de frente, para ser verificado se a criança não espelha), e no meio, girando a pessoa 360º, pois o corpo muda toda a direção do espaço.