quarta-feira, 31 de março de 2010

A RELAÇÃO DO CÉREBRO COM A APRENDIZAGEM



Este artigo de DULCE CONSUELO R.SOARES é muito interessane:

Segundo Johnson & Myklebust o cérebro funciona de forma semi – autônoma, ou seja, um sistema pode funcionar sozinho; pode funcionar com dois ou mais sistemas; ou pode funcionar de forma integrada ( todos os sistemas funcionando ao mesmo tempo).

Os sistemas mais presentes a nível de distúrbios neurogênicos são: auditivo, visual e tátil.

O objetivo deste artigo é traçar uma atuação psicopedagógica preventiva por parte do professor. Se o ensinante toma conhecimento deste funcionamento cerebral, pode ressignificar sua prática docente adotando uma didática que caminhe na forma sensório-motora ao funcionamento operatório formal. (Soares, 2003).

O artigo será dividido em três etapas, facilitando a explicação. Existem três formas de aprendizagem:

1)Aprendizagem Intra – Neurosensorial

2)Aprendizagem Inter- Neurosensorial

3)Aprendizagem Integrativa.


Vale ressaltar que um tipo ou forma de aprendizagem não é exclusivamente intra-neurosensorial, o que precisa ser pontuado é que se, um sistema estiver comprometido, não necessariamente irá comprometer outros. É neste sentido que uma aprendizagem pode ser estudada como intra – neurosensorial. Já a aprendizagem inter- neurosensorial é o tipo que mais nos interessa (educadores), quando se estabelece uma atuação preventiva. Estudos mostram que certa aprendizagem ocorre quando dois ou mais sistemas funcionam de forma inter – relacionada. Fazer uso da música em atividades escolares é um recurso valioso, pois há a possibilidade de trabalhar simultaneamente os sistemas auditivos, visuais e até mesmo o sistema tátil (caso a música desencadeie uma dramatização).

A proposta é dar uma aula que “facilite” o funcionamento inter desses sistemas, sem necessariamente o professor ter que saber, se a melhor forma daquele sujeito em lidar com os objetos externos é: auditiva, visual ou tátil. Montar um planejamento com esses pré- requisitos é uma forma de atuação saudável, onde Educação e Saúde possam caminhar lado a lado.

Conseqüentemente, esta atuação sob este ponto de vista, facilitará um outro tipo de aprendizagem – Integrativa.

Se o professor tiver conhecimento da modalidade de aprendizagem do seu aluno, poderá transformar- se em um facilitador do processo ensino – aprendizagem.

Exigir uma atuação padrão dos alunos é um caminho improdutivo; cada um é um, com o seu próprio tempo lógico e psicológico e cada um tem uma maneira específica de lidar com o conhecimento. Respeitar esta “veia”, este “canal” para o ato de aprender é preservar o cérebro de uma possível sobrecarga que só contribuiria para uma desintegração total da aprendizagem.

Proporcionar uma aula trabalhando com as crianças os quatro níveis de aprendizagem: Organismo – Corpo - Desejo - Inteligência ( Fernàndez, 1991) permeado pelos princípios ligados ao ato de aprender: Atividade – Criatividade – Autoridade – Liberdade (Borges, 1994) com certeza favorecerá uma atuação psicopedagógica preventiva de forma a não construir nas crianças os problemas de aprendizagem em função do desconhecimento da relação que há entre cérebro e os modos pelos quais o homem aprende.

segunda-feira, 29 de março de 2010

COGNIÇÃO

Uma das funções mais intrigantes e importantes para nós seres humanos é a cognição. Após anos de estudo, ouvi uma frase muito interessante que até hoje, gosto de pensar: "Ser cognitivo é mais do qu.e ser inteligente, pois a cognição nos dá a capacidade de criarmos e recriarmos."(BEATRIZ LOUREIRO)
Isso pude estar verificando durante todo o tempo em que tenho a minha clinica e meus pacientes, analisar. Quantos já não vieram a mim, com dificuldades porém, com boletins com notas 10. Estranho não? Mas a realidade é que nossas crianças possuem muito potencial, mas tem que estarem sendo sempre aguçadas a curiosidade, ao diferente, para que demonstre realmente a sua verdadeira capacidade cognitiva. Àqueles que passam o tempo todo decorando ou reproduzindo textos para nota de prova, correm um sério risco de terem surpresas nos vestibulares, que a cada ano, avaliam a capacidade dos alunos de interpretação e conhecimento geral, opinião crítica.
A ciência tem estudado muito sobre o aspecto "Cognição", mas ainda tem dificuldade em explicar, como o nosso Sistema Nervoso Central, mesmo com disgnóstico de síndromoes, paralisia, ou até mesmo uma deficiência mental, ainda conseguem ter funções que exigem a cognição, com um nível de qualidade, onde algumas crianças consigam ser até mesmo "alfabetizadas". Fantástico não?
Por isso, a inclusão escolar atualmente vem sendo tão discutida e a cada dia, eu venho me perguntando, se realmente existe a Inclusão dentro da Escola. Reconhecer a diferença do pensamento e da planificação da informação para o mundo, e dar oportunidade para que isso aconteça em sala de aula, e Fazer Inclusão. Falar é fácil, fazer é muitoooo difícil. Todos nós somos diferentes, e a inclusão não acontece somente com crianças que já possuem um diagnóstico médico ou terapêutico. Muitos na sala se encontram inserido na inclusão escolar, e o professor nem ao menos sabe, por não conseguir realizar o olhar diferencial. Avaliar de diversas formas a cognição, pode inserir a criança com dificuldade escolar, e dar a ela uma qualidade de vida mais digna e tranquila. A maturação do Sistema Nervoso Central acontece de forma lenta durante o desenvolvimento infantil, e em tempos diferentes de uma criança para outra.

domingo, 21 de março de 2010

A LINGUAGEM DA CRIANÇA




Desde que nascemos, já nos comunicamos com o outro. É o corpo que exprime a primeira linguagem entre a criança e seu mundo. Depois durante o desenvolvimento, a criança começa a perceber que as pessoas que a rodeiam, se comunicam através da fala, e em suas observações vai a cada dia, aumentando seu vocabulário. Inicia com vocalizações, e depois sílabas e palavras, que começam a se tornar frases cheias de significados. A mãe neste momento ou cuidador, tem uma função essencial...a de falar com o bebê, pois necessitamos ouvir alguém falando para aprendermos a falar. Em cada cultura há uma especificidade própria da linguagem. Quando ainda pequenos, nossas células nervosas (neurônios) estão a todo vapor em suas conexões ou sinapses, e por isso quanto mais a mãe fala com seu filho, mais ele irá ouvir, e aprender as palavras que fazem parte da sua cultura e do seu pais de origem. Geralmente, mães e pais que pouco se comunicam verbalmente com seus filhos, terão crianças mais quietas.
Já o mutismo seletivo, é uma forma da criança "escolher" onde e com quem irá se comunicar verbalmente. De provável origem psicológica, ele é comum e confundido em alguns casos, com o autismo. Existem professores que relatam nunca terem ouvido a voz de alguma criança em sala de aula, porém a mesma em casa fala com a família, segundo a mãe. Estabelecer confiança e afeto, é uma forma de se trazer a criança para o mundo adulto. Obrigá-la a falar pode a cada dia, bloquear ainda mais seu comportamento, e dificultar no desenvolvimento da linguagem.
Os bebês já se comunicam com o adulto, e o olhar intenso que ele traça sob uma pessoa, já é um indício de que ele não somente reconhece o adulto, mas tem interesse em se corresponder com ele. Bebês que não interagem, podem ser crianças com dificuldades não somente afetivas, mas cognitivas. Vale a pena sempre observar e estimular com objetos e carícias.

sexta-feira, 19 de março de 2010

ESQUEMA CORPORAL




É a representação mental do nosso corpo à nível cortical. Conhecimento necessário, na qual o corpo organiza-se no espaço que o rodeia, seus movimentos e ações. É referência para todas as "práxis" que o indivíduo vai construindo e se adaptando ao longo de sua vida. A construção do esquema corporal, se dá através da síntese dos dados proprioceptivos (sensações obtidas pelo próprio corpo), sensorias e esteroceptivos (vindo do ambiente que o corpo atua), "com consequênte integração a nível cortical, seja da atividade estática assim como da tônica e cinética."(BOSCAINI,2006)
Devemos lembrar que a maturação do sistema nervoso é essencial para que tais sensações sejam percebidas pelo indivíduo.
O esquema corporal se diferencia da imagem corporal. Podemos conhecer todo nosso corpo (por exemplo, onde está localizado membros, cabeça, e tronco), mas não termos a noção exata de como somos fisicamente. Basicamente para entendermos, um exemplo típico de imagem corporal distorcida, é a de uma pessoa com anorexia, cuja noção da imagem, não é a mesma com a realidade física do seu corpo.
Na "aprendizagem", a noção corporal global (somatognosia), é fundamental para o processo principalmente da escrita. É através das noções matemáticas que desenvolvemos na infância, pelo corpo, como em cima e embaixo, dentro e fora, atrás e a frente, de um lado e do outro (direita e esquerda), a redor de, que conseguimos ao escrevermos, automaticamente após o aprendizado, saber adequadamente como devem ser colocadas as letras, palavras no papel. Afinal, as culturas tem processos de escritas diferentes. A nossa escrita é alfabética, e no papel acontece da esquerda para a direita, de cima para baixo. No Oriente Médio, já não é da mesma forma.
As sensações do "toque", propiciam e favorecem o conhecimento do corpo. Por isso, o contato entre professor e aluno dentro da sala de aula, deve acontecer obedecendo-se a aceitação e a solicitação da criança. Isto nem sempre acontece no primeiro momento em que professor e aluno se conhecem. Pode levar dias e meses. Lembrando que o contato muitas vezes, é também com o olhar e através da fala, cuja recepção também tráz sensações agradáveis e desagradáveis.

quarta-feira, 17 de março de 2010

O QUE É TONICIDADE

O tônus é o início de tudo, é o fator fundamental da Psicomotricidade, tanto que está localizado na 1ª unidade neurofuncional de Lúria, fazendo parte assim do alicerce da vida afetiva, motora e cognitiva, trazendo a nós, a base para a constituição da aprendizagem, cuja função é de alerta e de vigilância, tendo papel fundamental no desenvolvimento motor, e psicológico.
As funções do tônus são descritas por diversos autores de maneiras diferentes, de acordo com as áreas de estudo de cada um, e encontramos em todas as definições, a importância desta entidade Psicomotora para a realização do movimento corporal.
Segundo Wallon (in FONSECA,1992), podemos ter duas funções do músculo: a de encurtamento e alongamento das miofibrilas, e a de suporte mantendo o apoio à musculatura esquelética em estado de repouso. As duas funções dependem do nível inferior medular e superior reticular e cortical. Este tônus a que Wallon se refere, é o tônus postural, responsável por toda equilibração no ser humano. Já para André Tomas, Ajuriaguerra e Dargassies (in FONSECA,1992), existem duas formas de tonicidade: a de repouso e a de atividade, sendo que ambas preparam a musculatura para as atividades postural e práxia.
Sherrington (in FONSECA,1992), referiu-se à tonicidade na integração entre várias partes do sistema nervoso, para que se possa realizar um movimento.
A hipotonia ou a hipertonia, estão relacionadas ao tônus de suporte com base na extensibilidade e passividade, muito importante na qualidade do movimento.
(trabalho apresentado por Luciana Gurgel na França em 2007)

terça-feira, 16 de março de 2010

OBSERVAÇÕES DO CORPO




O corpo nos fala a todo momento, através de suas expressões. São contrações e relaxamentos; sorrisos e lágrimas; movimentos e sensações. Tudo podemos fazer, quando nos é dado o "poder" para isso. Ter um membro significa mais do que possuí-lo, mas saber colocar nele toda a nossa emoção em um simples gesto. A Psicomotricidade analisa mais do que um ato motor em uma pessoa, mas como o movimento corporal é realizado. O controle corporal é fundamental para a realização harmônica de um gesto. Com um gasto energético menor, podemos ter mais facilidade em nos movimentar pelo espaço em que nosso corpo atua, e também menos cansaço físico e mental.

O que é a Psicomotricidade

"A Psicomotricidade se interessa pela pessoa através do "aproche" corporal, porque é no corpo que se exprime o indivíduo, é através do corpo que a pessoa fala de si, porque o corpo é a síntese dos modos de ser do indivíduo. O corpo é matéria mas é também psique, emoções, linguagem, história, presente, passado e futuro.
Quando se fala de uma pessoa ou se fala diretamente com esta, não se pode jamais deixar de atentar para o seu corpo, porque negá-lo significa negar a existência desta pessoa. Falar do corpo nas duas diversas dimensões, quer dizer falar da criança, do homem na sua totalidade psico-biológica."(BOSCAINI, 2006)