quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

DISGRAFIA


Mas o que é realmente a disgrafia? Podemos definir de diversas formas, entre elas, as mais comuns são dificuldade de escrever, a letra ilegível, aglomeração de símbolos, e junção de letras e números para significar uma mesma coisa. Porém o mais comum é que as pessoas se preocupem com a letra que é chamada por alguns profissionais, de "feia".
Muitas crianças que entram em avaliação em consultório de reabilitação psicomotora, mencionam já ter ouvido que a sua letra é ruim ou feia. Com isso, além das dificuldades motoras que podem atingir os grandes musculos do corpo e os pequenos, a criança vem apresentando baixa auto estima, devido aos relatos dentro da escola.
Não generalizando, pois isto não acontece com todos, mas com muitos, a chamada preguiça para escrever também é outro termo que alguns pais costumam dizer na frente dos filhos, e que não conseguem observar o que realmente acontece com o corpo desta criança.
Muitos dos que tem o diagnóstico de disgrafia, apresentam uma hipotonia muscular (mais comum nos casos, devido a ausência de força muscular não somente na região das mãos, mas também de braço e antebraço) ou uma hipertonia (excesso de força tanto na preensão como na pressão do lápis).
Vamos nos lembrar que no caso da ausência de força do tônus muscular não está localizada somente na região das mãos. Todo o hemicorpo também tem uma associação no movimento da mão. Isto também inclui o tronco. A postura estática, sentada, no momento em que a criança escreve, deve ser olhada com precisão, pois toda inclinação incorreta do tronco, e cabeça, com posicionamento irregular do olho para acompanhamento da mão enquanto trabalha, também interfe muito no processo do grafismo.

EXPLORAÇÃO DO CORPO PELA CRIANÇA


"A criança se movimenta, explora, toca, entra em relação com o mundo inteiro através dos poucos ou muitos objetos que estão, a cada vez, ao seu alcance. O raio de ação das suas atividades- além do seu próprio desenvolvimento psicomotor - é limitado pelas restrições adultas. É o espaço, a configuração dos objetos, dos móveis aos enfeites, aos equipamentos de trabalho, é prevalentemente um espaço sob medida para o adulto, tanto em relação à casa, quanto a lugares públicos. E assim, o "não" torna-se facilmente um muro de vidro que engaiola a exploração infantil a qual, por intima natureza, está ligada ao movimento e às mudanças de lugar do corpo, ao pegar e lançar. O adulto pode viver os movimentos e às mudanças de lugar do corpo, ao pegar e lançar. O adulto pode viver os movimentos da criança de duas maneiras completamente diferentes: ou como constante ameaça do próprio território, como intrusão nos seus espaços, como agressividade, ou então como convite ao brinquedo, à reestruturação do espaço, à cooperação. Obviamente, poderia objetar-se que a criança pequena está constantemente em perigo, muitos dos seus movimentos podem provocar acidentes, podem colocá-la diretamente em perigo. E é verdade que a própria categoria da "segurança", a preocupação pela incolumidade da criança é básica para o seu crescimento sadio. Mas a segurança ambiental que nós, adultos, fornecemos aos pequeninos deve estar constantemente relacionada com a segurança interior que, passo a passo, se desenvolve na criança e que se expressa na sua capacidade crescente de autocontrole.
A ideia da segurança, levada ao extremo, sugere que gaiolas e barras sejam lugares ideais para o crescimento, mas tratar-se-ia de um crescimento às custas do crescimento da pessoa no sentido da autonomia. Aliás, logo que se desenvolver na criança uma certa segurança, ela mesma fará de tudo para combater a segurança,ou seja, contra a segurança dada pelo ambiente...Essa luta contra a segurança e contra os controles acompanha toda a infância; entretanto, os controles continuam sendo necessários"(Winnicott, 1965, p.47). Por isso, os pais encontram-se na dificil situação de fornecer, constantemente e com fadiga, os elementos que constituirão as armasfundamentais para a demolição progressiva da sua própria superioridade e autoridade."
fonte: Bondioli, Anna, Mantovani, Susana. Manual de Educação Infantil de 0 a 3 anos. Porto Alegre: ArtMed, 1998, 355p.