segunda-feira, 29 de novembro de 2010

MOVIMENTO CORPORAL E A MENTE





Dois estudos independentes deram pistas curiosas sobre a tão debatida relação entre corpo e mente. Por meio de experimentos muito diferentes, cientistas demonstraram como alguns movimentos corporais podem favorecer ou atrapalhar o desempenho em tarefas cognitivas. Em um dos estudos, publicado na revista Psychonomic Bulletin & Review, psicólogos da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, penduraram duas cordas no teto de uma sala, a uma distância que não permitia que, pelo estiramento de ambas, a extremidade de uma alcançasse a outra – no entanto, essa era justamente a tarefa que devia ser cumprida. Algumas ferramentas estavam à disposição dos voluntários: um livro, uma chave de boca, um prato e um haltere. Para executar a atividade, a única solução possível era atar um dos objetos à ponta de uma das cordas e balançar as duas.

Antes do teste, entretanto, as pessoas tiveram de fazer alguns exercícios físicos. Para um dos grupos foi pedido que movessem os braços para a frente e para trás. Aos outros voluntários pesquisadores solicitaram que flexionassem e estirassem os braços ao longo do corpo. Para que ninguém tivesse consciência da relação dos movimentos com a tarefa, foram incluídos exercícios “neutros”. Resultado: o índice de acertos foi muito maior entre os participantes que balançaram os braços, enquanto os demais falharam por insistir em estirar as cordas. Posteriormente, questionários revelaram que os voluntários não tinham consciência da relação entre os movimentos corporais e a solução da tarefa.

O segundo experimento, relatado em um artigo na revista Psychological Science, é ainda mais enigmático. Pesquisadores da Universidade de Nijmegen, na Holanda, usaram o Teste de Stroop, em que o participante deve dizer qual a cor das palavras que aparecem na tela do computador. O problema é que muitas dessas palavras são os nomes das cores escritos em outra cor (por exemplo, amarelo aparece grafado em azul) – isso é o que os cientistas chamam de palavras incongruentes –, o que sempre confunde os voluntários e, consequentemente, os induz ao erro.

Antes de o teste começar na tela do computador havia instruções pedindo para os participantes darem quatro passos em uma de quatro direções: para a frente, para trás, para a esquerda ou para a direita. Aqueles que andaram para trás levaram muito menos tempo para dizer, corretamente, a cor em que estavam grafadas as palavras incongruentes. As bases psicofisiológicas dos fenômenos observados nos dois estudos ainda são desconhecidas, mas, segundo os autores, esses achados reafirmam a antiga ideia de que a mente não se limita apenas ao cérebro. Ela compreende o corpo, algo que é descrito por alguns cientistas como “cognição incorporada” (do inglês embodied cognition).

fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/movimento_corporal_interfere_na_solucao_de_problemas.html

QUANDO O SOM NÃO É PERCEBIDO




Dentro da sala de aula os sons se misturam: conversas em voz alta, barulho de papel e arrastar de cadeiras, e, ainda assim, a maioria das crianças consegue acompanhar a voz do professor. Porém, para vários alunos com dificuldades de leitura isso não acontece. O que foi dito se perde em meio ao barulho, e eles não conseguem distinguir todos os outros sons a sua volta.
Segundo neurocientistas da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, a raiz do problema está no tronco encefálico: em crianças disléxicas essa área aparentemente não reage bem. Os pesquisadores estudaram 30 crianças com idade entre 8 e 13 anos, das quais metade sofria de distúrbios de leitura.
Essas descobertas podem explicar o resultado de outros estudos que demonstraram que a dislexia muitas vezes surge associada a uma percepção acústica ruim da fala. Os pesquisadores sugerem que os professores podem ajudar crianças com esse distúrbio: alunos disléxicos deveriam sentar-se na frente do professor para acompanhar melhor a explicação e, em casos mais graves, usar aparelho auditivo adaptado.
Os resultados foram os esperados: apesar de todas as crianças terem se concentrado no filme, o cérebro dos voluntários sem distúrbios percebeu a sílaba pronunciada com grande exatidão, fato percebido pela linearidade do padrão no eletroencefalograma (EEG). Em crianças com dislexia, esse sinal não ocorreu e o desempenho no segundo teste foi pior do que nas demais.
O tronco encefálico funciona como primeiro ponto de conversão de sinais acústicos depois que o ouvido interno transformou as ondas sonoras em impulsos elétricos. Crianças disléxicas aparentemente têm nesse estágio inicial do processamento sensorial problemas relevantes para diferenciar a fala de outros ruídos ambientes, explica o neurocientista Bharath Chandrasekaran, coordenador do estudo.
Os participantes assistiram a um filme escolhido por eles ao mesmo tempo que ouviam a sílaba “da” no fone de ouvido. Com a ajuda de eletrodos os pesquisadores registraram a atividade cerebral das crianças. Em um segundo teste, os voluntários repetiam frases inteiras que lhes eram ditas, e o volume do barulho que estava ao fundo, usado para distraí-los, aumentava gradativamente.